Roelton Maciel no A Notícia
A relação de Kennedy Nunes com o PP acabou na noite de sexta-feira. O fim, depois de 14 anos de filiação, veio à tona quando o deputado estadual anunciou a saída via Twitter.
Alegou, ainda pela internet, não conseguir mais conviver no partido que integra o “desgoverno” de Carlito Merss (PT) em Joinville.
Em conversa com a reportagem de “A Notícia”, disse que o “pacotão” anunciado por Carlito Merss foi a “gota d’água”, mas não deu como certa a ida para o recém-criado PSD.
O deputado estadual alega ter caminho livre para se filiar a qualquer partido por conseguir provar que não contrariou a lei da fidelidade partidária.
— A infidelidade que a lei fala está sendo do partido comigo.
Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.
A Notícia – O que motivou a saída do senhor do PP?Kennedy Nunes – Eu venho maturando essa decisão desde o dia em que eu rompi com o prefeito Carlito Merss, em maio de 2009. Eu ainda acreditava que o PP observaria que estava sendo infiel com aquilo que pregou em 2008. Quando houve a renúncia de Abdala Faraj (ex-presidente do PP de Joinville), eu fiz um pedido ao diretório estadual para que aproveitassem o momento e saíssem do governo Carlito. Ninguém me atendeu. Eu decidi ir pela composição. Mas o resultado foi complicado porque a presidente do PP de Joinville (Carmelina Barjona) é chefe de gabinete do vice-prefeito (Ingo Butzke). O vice-presidente do PP (Ariel Pizzolatti) comanda a Secretaria de Infraestrutura. E o tesoureiro (Rodrigo Thomazzi) está na Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Eu fui em uma reunião do PP e parecia que eu estava participando do colegiado do Carlito Merss. Agora, esse pacotão foi o tiro de misericórdia, a gota d’água.
AN – O senhor já formalizou a saída do PP?Kennedy – Eu liguei para a Carmelina Barjona (presidente do PP de Joinville) e para o Joares Ponticelli (presidente do PP de SC), que me pediu que eu não tomasse nenhuma decisão até terça-feira, quando haverá reunião da bancada. Mas a única condição para me manter no PP era o partido deixar o governo amanhã. Fazer igual ao PMDB. Eu não posso ir para uma eleição a prefeito e falar que vamos fazer diferente se, quando eu disser que as ruas estão abandonadas, o Carlito puder me jogar na cara que o vice-presidente do meu partido era o secretário. Eu não consigo mais justificar a permanência em um partido com um desgoverno como esse.
AN – O seu futuro é o PSD?Kennedy – Não sei para onde eu vou, não sei qual será o partido. Só sei de uma coisa: o partido para onde eu for não pode estar no governo Carlito. Aí podem me dizer que a única janela é o PSD. Não necessariamente. Eu estou saindo porque o meu partido local está sendo infiel comigo. A infidelidade que a lei fala está sendo do partido comigo. Tenho como provar na Justiça que o partido está sendo infiel com aquilo que pregamos em 2008. Então eu posso ir para qualquer partido. Se o diretório estadual pedir meu mandato de volta, vou provar que estou sendo traído pelo partido. Precisamos lembrar que a infidelidade partidária vale para os dois lados.
AN – O senhor já tem conversas com outros partidos?Kennedy – Eu só tomei uma decisão, que é sair do partido. A próxima decisão eu tenho que ver. Vou pegar muita gente de surpresa com minha decisão. Eu posso até, com essa decisão, não conseguir ser candidato a prefeito. Mas, pelo menos, as pessoas vão dizer que o Kennedy manteve a palavra.
AN – Sua irmã, vereadora Zilnety Nunes, foi avisada da saída?Kennedy – Não conversei ainda, mas vou comunicá-la. E vou pedir para que faça o mesmo. Não adianta ela ficar em um partido que está sendo infiel.
AN – A decisão de sair do PP tem ligação com a possível saída de Raimundo Colombo do DEM?Kennedy – Eu não tenho a ida acertada para nenhum partido. Não conversei com o governador e não tem nada a ver com o episódio PSD. Eu posso até ir para o PSD e o Raimundo Colombo não, porque minha decisão não está sendo baseada no que pode acontecer com o governador.
AN – Sua candidatura a prefeito está ameaçada?Kennedy – A partir de agora, estou sem partido e, sem partido, não dá para ser candidato. Mas vamos ver. Eu tenho, no mínimo, até setembro para definir alguma coisa. Vou sentar com a equipe para ver que rumos vamos tomar.
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