
Carlito Merss sobre reajuste: "Não há condições financeiras, não há dinheiro"
Foto:Pena Filho / Agencia RBS
Foto:Pena Filho / Agencia RBS
Em entrevista concedida ao jornal A Notícia, Carlito Merss, o prefeito de Joinville, fala sobre a atual greve dos servidores e garante que a administração municipal não tem dinheiro para cumprir o que pede o Sindicato dos Servidores.
Leia a entrevista completa abaixo:
A Notícia – O fato de o senhor não estar à frente das negociações com o sindicato pode desgastar a imagem do prefeito?
Carlito Merss – A greve só faz isso. Em uma greve você precisa ter reivindicações. Na resposta que enviamos ao sindicato, dizemos que todas as mudanças são inviáveis. Se quisessem todo o pacote que pediram, seria um custo a mais de R$ 75 milhões. Já avisamos que em maio (do ano que vem) poderemos dar uma possível perda no valor da inflação, porque hoje 8% (previsto para ser dado em janeiro de 2012) é mais do que a inflação. Tem uma situação que é clara e evidente: não temos dinheiro.
AN – Então a situação financeira da Prefeitura não permite uma negociação diferente?
Carlito – A situação financeira da Prefeitura é grave. Gente, eu fui relator-geral do orçamento do país. Eu fui autor da lei que prevê o orçamento regionalizado. Se tem alguma coisa que eu aprendi na política é conhecer os números. Esta é a situação real que nos obriga a cortar na própria carne. As 60 medidas (apresentadas em abril) são de corte pessoal. Só a extinção das 13 secretarias regionais significam uma economia de R$ 1,5 milhão por ano. Parte daqueles itens já está acontecendo, estamos gerenciando isso. Não é à toa, e eu bato no peito pra dizer que eu recebi no ano passado, com toda a dificuldade que temos na Prefeitura, um prêmio da Fundação Getúlio Vargas que é o “Municípios que fazem render mais”.
AN – A prefeitura chegou a pensar em ceder em algum ponto ao sindicato?
Carlito – Não há condições financeiras, não há dinheiro. Você acha que eu, que sou professor da rede estadual, que fiz 11 greves, que defendo ideologicamente o serviço público, tenho algum interesse em manter esse embate? Ao contrário. Se eu pudesse, eu daria 10%, 15% de aumento amanhã. Acontece que os números são esses, não são inventados, não é uma manipulação. Com todas as medidas que estamos tomando, que são duras, esperamos ter mais R$ 10 milhões para investir nesse ano. Todos estes números são transparentes e têm acompanhamento do sindicato. Desde a greve de agosto do ano passado foi criada uma comissão de acompanhamento da folha, que o sindicato vê de perto. Não é o prefeito Carlito que está inventando estes número, não é o secretário, é uma realidade que está aí.
AN – E a Prefeitura pensa em descontar dos funcionários os dias que eles não trabalharam?
Carlito – Absolutamente. Seria uma injustiça. Uma das grandes cobranças que recebo da greve anterior, dos que trabalharam e tiveram que fazer dupla, tripla jornada, é que não é justo. Enquanto eles trabalharam, seguraram com muito sacrifício, outros faziam greve. Todas as medidas administrativas serão tomadas no rigor do nosso estatuto. Dias parados serão descontados, sim.
AN – A última greve durou quatro dias...
Carlito – Uma semana.
AN – E esta já dura mais...
Carlito – Sim, eu calculo que pelo grau de intransigência pode durar muito mais. Estamos pedindo, só, que não morra ninguém. O desespero é só isso, que não se utilizem uma greve focada e específica num local. Por que, quem sofre? O pobre. Quem depende do SUS, do CEI. A parte que mais sofre, que mais precisa, acaba pagando essa conta. E sou obrigado a dizer: os técnicos em enfermagem do município ganham o melhor salário do Estado. O valor inicial é de R$ 1.914. No regional, paga-se R$ 900; na Unimed R$ 1,2 mil. Esperamos que o bom senso prevaleça.
AN – Desde o começo da greve, o chefe de gabinete, Eduardo Dalbosco, vem falando sobre isso, dando a entender que o sindicato estaria predisposto a fazer a greve. O senhor acredita nesta predisposição?
Carlito – Imagino que sim. Fiz 11 greves na minha vida. O que a gente fazia? O que o Sinte (Sindicato dos Trabalhadores em Educação) está fazendo hoje. Apresentávamos as propostas, avisávamos que estávamos em estado de greve, fazíamos audiências, brigávamos e tal. Nenhuma categoria diz que não aceita e que está de greve amanhã. A não ser que haja uma predisposição. Vou dar um exemplo. Aqui (agentes de saúde) temos cerca de 620 funcionários e 40 estão em greve. Este servidor teve aumento histórico de 32%, mais os 8% em cima de janeiro, e o tíquete-refeição vai de R$ 650 para R$ 1,1 mil até o fim do ano. O que justifica uma pessoa desta fazer uma greve que não seja uma questão política? Você viu nestes 11 dias de greve se tem alguma faixa na cidade pedindo: “Quero 11%, quero a inflação”? Nenhuma.
AN – Então o senhor acha que está faltando motivo para essa greve?
Carlito – Motivo existe. Motivo político. Desgaste da figura do prefeito e do governo que temos aqui. Ponto.
Comento
Servidores publicos municipais estão em greve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário