sábado, 21 de maio de 2011

As oposições e a CPI para investigar Palocci


Do Reinaldo Azevedo
Motivos para um CPI, acho eu, não faltam. Nunca um caso foi tão “determinado”, como exige a regra. A questão é saber se seria oportuna. Leiam o que informa o Estadão Online. Volto em seguida:
A proposta de uma CPI mista de deputados e senadores para investigar o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, uniu a oposição na Câmara e no Senado. Além do PSDB, DEM, PPS e PSOL participam da articulação e vão procurar agora coletar assinaturas entre parlamentares governistas. A ementa do requerimento de CPI que está sendo preparado pelo PSDB cita o “extraordinário crescimento patrimonial da empresa Projeto”, de propriedade de Palocci, pede que se investigue se houve “a percepção de vantagens indevidas” ou o “patrocínio de interesses privados perante a órgãos do governo federal” e avança até sobre a possível “relação desses fatos com a campanha presidencial de 2010″. Palocci foi um dos coordenadores da campanha de Dilma Rousseff à Presidência.
Para conseguir instalar a CPI, é necessário o apoio de 171 deputados e 27 senadores. Os quatro partidos que aderiram à idéia, porém, têm menos de 100 deputados e somente 18 senadores. Por isso, o discurso já está ensaiado para conseguir apoios de alguns governistas. “Vamos mostrar para eles que é ruim para o governo, para o Congresso e para toda a sociedade se este caso não for esclarecido. Daqui a pouco, a crise se agrava de um jeito que pode paralisar o governo. Vamos mostrar é que nós queremos que essa crise tenha um fim e que isso só acontecerá se esclarecendo os fatos”, diz o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR).
O líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ), diz apoiar a iniciativa da CPI e defende que a comissão discuta também o papel deste tipo de consultorias em si. Alencar destacou que seu partido defende uma mudança na Constituição para proibir que parlamentares prestem este tipo de serviço.
Comento
Não acho que a base será sensível ao argumento do deputado Rubens Bueno. Desde quando ela está preocupada com aparências? Convenham: não dá bola nem para a essência… O mais provável é que as oposições não consigam o número necessário de assinaturas.
Mas digamos que consigam: aí é preciso considerar o risco de desmoralização da CPI. O PT sabe fazer isso como ninguém. A maioria do governo é de tal sorte acachapante nas duas Casas que há a possibilidade de se aprovarem requerimentos para o depoimento de, deixe-me ver, Pedro Malan, Pérsio Arida e André Lara Rezende, que não têm nada a ver  com isso, mas não de Palocci.
De todas as possibilidades, a pior seria uma CPI desmoralizada, que só  serviria de palco de chicana ao governismo.  Ideli Salvatti, é verdade, não está mais no Senado.  Faz um curso intensivo para distinguir uma tilápia de um pirarucu. Mas outros podem substituí-la com igual delicadeza e inteligência — Marta Suplicy, por exemplo…

Eu acrescentaria também como substituta da senadora Idelli, a senadora paranaense Gleisi Hoffmann.

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