quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Aécio sacrifica mais uma vez o PSDB de BH em nome do “projeto” pessoal

Do Reinaldo Azevedo

Vamos ver. A deputada Ana Arraes (PSB-PE), mãe do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), ofereceu, nesta quarta, um café-da-manhã ao senador Aécio Neves (PSDB-MG). Campos e o governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), estavam presentes. Acertaram-se duas coisas: os mineiros se comprometeram a apoiar o nome de Ana para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU) e selaram o apoio à reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, também do PSB. 

Um leitor atento logo indagará: “Quer dizer que Campos, então, levou as duas coisas e não deu nada em troca? Que vantagem Aécio leva?”

Pois é…

Os que costumam atribuir ao senador de Minas um raro tino estratégico acreditam que, assim, ele fratura a base governista, a que pertence o PSB, e, quem sabe?, conta com o apoio do partido caso venha a ser o candidato do PSDB à Presidência. Ele seria, nessa versão, aquele que soma. Tá. Por que Campos não apostaria no próprio projeto caso a receita petista desande ou por que mediria forças com Lula é um desses mistérios que só se explica pela metafísica.

Em 2008, o PSDB de Minas apoiou a candidatura de Márcio Lacerda à prefeitura. O vice é Roberto Carvalho, do PT. O PSDB abriu mão de uma candidatura própria em nome de um futuro que viria e que seria chamado de “pós-Lula”. Dizia-se, então, que o confronto entre PSDB e PT era coisa de… São Paulo.

O PSDB elegeu o prefeito de Belo Horizonte pela primeira e última vez em 1989 (mandato 1990-1993). Ao fim de 2012, serão 20 anos longe da Prefeitura. Nas três últimas disputas ao menos, o “Projeto Aécio” evitou qualquer confronto com o PT (afinal, isso é coisa de paulistas), até chegar à aliança de fato, mas não de direito, em 2008. Lacerda apareceu como o candidato de Aécio e… do PT, que não quis saber do apoio formal dos tucanos, não.

O “Projeto Aécio” — à jornalista Dora Kramer, o senador afirmou que sua pré-candidatura a 2010 não era pra valer; então sacrificou o PSDB de BH por quê? — determina que o PSDB não terá candidato próprio de novo. E o senador de Minas põe no tal “projeto” a vaga do TCU. Fica tudo, assim, com aquele jeito de método peemedebista de administração dos interesses…

Em maio, numa entrevista a um portal, o deputado estadual João Leite, presidente do PSDB de Belo Horizonte, afirmou que o apoio a Lacerda, garantido hoje por Aécio, estava subordinado ao apoio de Campos à candidatura de Aécio à Presidência. É evidente que o governador não garantiu nada — até porque Aécio não é candidato ainda.

Por enquanto, a única coisa realmente concreta é que o PSDB de Belo Horizonte entrou como troco no “Projeto”. O partido se dispõe a ficar 24 anos longe da Prefeitura. E tudo para fortalecer o PSDB, é claro, vão assegurar os dialéticos admiradores da estratégia do senador Aécio. O interessante nessa estratégia é que, se tudo fosse como dizem esses dialéticos, o senador de Minas se viabilizaria candidato atraindo todos os partidos que hoje são da base  governista, mais PSDB e DEM. Se é difícil adminitrar o condomínio agora, imaginem como seria… Seria a passagem do “presidencialismo de coalizão” para o “presidencialismo de colisão”.

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