quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Financial Times ironiza mania do governo brasileiro de sair distribuindo conselhos ao mundo

Do Blog Reinaldo Azevedo

Pois é… Nem todo mundo cai na conversa, não é? E certa saliência arrogante já começa a chamar a atenção. A Reuters publicou uma espécie de editorial, reproduzido no site do Financial Times, que ironiza os conselhos da “Tia Dilma” (aqui, em inglês) para a União Européia: “Dilma: agony aunt to the EU”. Mais ou menos isso: “Dilma: os conselhos da tia”.

Logo no primeiro parágrafo, uma paulada: o texto lembra que a líder do país que está em 152º no ranking do Banco Mundial (do melhor para o pior…) das nações com o pior e mais pesado sistema tributário tenta dar conselho aos outros. Pois é… A carga deve fechar 2011 em 36,5% do Produto Interno Bruto (PIB). E a Rousseff do Brasil já avisou: mais dinheiro pra saúde só com mais impostos.

O texto lembra que tem sido prática constante do governo brasileiro distribuir conselhos ao mundo. E cita o caso do ministro Guido Mantega: “Depois de ter sido alçado à fama graças a seu discurso sobre ‘guerra cambial’, Mantega propôs, no mês passado, um plano meio maluco de resgate da Zona do Euro pelos BRICs”. E o texto emenda: “O problema é que ele não consultou os outros países, como a China, que detém a maior parte dos títulos da dívida”. Segundo o texto da Reuters, até os nativos por aqui ficaram surpresos que o Brasil se oferecesse para salvar economias como a da Itália, cujo PIB per capta é o triplo do seu próprio…

O conselho, afirma o editorial, “além de irrealista, soou hipócrita”, uma vez que Dilma falou “sobre a necessidade de combater o protecionismo” uma semana depois de ter elevado o IPI de carros estrangeiros em “gritantes 30 pontos percentuais”. Também ironiza a censura do Brasil aos países que mantêm desvalorizadas sua moeda, lembrando as constantes intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.

O texto até dá uma colher de chá ao governo. Lembra que, embora seja fácil zombar desses conselhos, eles vêm num momento de estabilidade do país. Conclui: “Com um dos sistemas financeiros mais saudáveis do mundo, grande capacidade para implementar medidas anticíclicas de estímulo à economia e reservas cambiais sólidas, não é de estranhar que o Brasil se sinta no direito de sair dando conselhos por aí, ainda que malucos”.

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